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 Convidados especiais participaram de encontro sobre financiamento do SUS e cuidados na saúde

Convidados especiais participaram de encontro sobre financiamento do SUS e cuidados na saúde

07-07-2022

A sinergia entre a APS e a Atenção Especializadas com o devido suporte público de um SUS forte, devidamente estabelecido e vinculado aos territórios e construído politicamente com a sociedade, foram os eixos centrais do debate da 2ª live preparatória da Conferência Livre, Democrática e Popular de Saúde, realizada  no dia  29 de junho. Com o tema Serviços de Referência Territorial, Cuidado à Saúde e Articulação de Redes, o encontro virtual contou com as participações de Jurandi Frutuoso (Conass), Lígia Giovanella (ENSP/Fiocruz e Rede APS/Abrasco), Túlio Franco (ISC/UFF e Rede Unida) e de Rodrigo Oliveira (Secretário de Saúde de Niterói e presidente do Cosems-RJ) e coordenação de Cláudia Travassos (Fiocruz/Cebes).  

Em sua apresentação, Lígia Giovanella alertou para a importância de estabelecer um amplo diálogo com os gestores de saúde, considerando o momento crítico vivido pelo Brasil, hoje, de crise social, política e sanitária, quando o desemprego, a fome e os direitos sociais reprimidos estão presentes. Lígia destacou a estratégia do Programa Saúde da Família (ESF) como “um modelo de atenção primária para a orientação comunitária que, comprovadamente, se mostrou fundamental para permitir o acesso à saúde das populações em seus territórios.” E foi além: “É imprescindível fortalecer a orientação comunitária de base territorial na ESF, com um SUS integral, que seja resolutiva, territorial, comunitária e integrada 100% à rede de saúde pública, reforçando as equipes de trabalho com atuação multiprofissional que assegure seu vínculo com a população”. Ao finalizar sua apresentação, reconheceu o protagonismo indiscutível dos profissionais da Enfermagem nesta atuação permanente.

Rodrigo Oliveira mostrou enorme preocupação com 2023, um ano de reconstrução do país em várias frentes: “Estamos saindo de um período muito difícil, com o desmonte assustador da máquina pública, atingindo diretamente o setor da saúde... uma grande luta virá”, alertando para a urgência na derrubada da Emenda Constitucional 95, responsável por congelar os investimentos em Saúde, Educação e outras áreas sociais até 2036.  Para o Secretário de Saúde de Niterói, é fundamental rever as políticas públicas de saúde no Brasil: “A população está mais velha, mais reprimida, mais pobre, é preciso adaptar o modelo social para essa nossa nova realidade, ampliar o financiamento básico da Medicina de Família, promover o encontro da atenção primária – que voltou ao patamar de 2013 – com  toda a rede de saúde.”  Para Rodrigo, apostar na educação sanitária para a construção da cidadania, em defesa do interesse coletivo, é um dos pontos que precisa ser considerado na “reconstrução” do país.

Jurandi Frutuoso, do Conass, ao concordar com os colegas que a recuperação da Atenção Primária na saúde, em curto espaço de tempo, é um grande desafio, considerando os tempos difíceis e complexos vividos pelo país nestes últimos anos, enfatizou que “mesmo com toda a dificuldade atual é empolgante a oportunidade que nos está sendo dada para a reconstrução do SUS.” Para ele, o modelo da atenção primária deve ser adaptado para a nova realidade da população brasileira; “Devemos nos preparar para o acolhimento de idosos, obesos, hipertensos, doenças crônicas”. E adverte: “Os profissionais dessa frente precisam estar motivados, com condições dignas de trabalho e a autonomia necessária para ordenar e coordenar o sistema de maneira independente.”

“Ousadia. Ousadia é a palavra da vez”. Com esta frase de impacto, Túlio Franco, da Rede Unida, mostrou que recriar o Sistema Único de Saúde, a partir da experiência, positiva, no enfrentamento da pandemia, e apesar de seu desmonte dos últimos anos, é um desafio ousado. “Estamos vivendo a absoluta radicalidade e necropolítica com o governo atual, que se reflete diretamente no trato das políticas sociais, e apesar do desfinanciamento e sucateamento do SUS, neste contexto, conseguimos passar pela pandemia de uma maneira ímpar”, salientou. Para Túlio, estamos diante de um grande desafio: “Embora os recursos financeiros representem um entrave, podemos e devemos repor estes recursos que foram tirados da Saúde todos estes anos, resgatando os investimentos que foram extorquidos por governos ilegítimos.” Ratificou que a defesa da vida vai além da saúde, abrangendo com a mesma relevância a educação, o meio ambiente e a garantia da democracia: “Sem democracia, não conseguimos avançar em nenhum setor”. E finalizou: “A reconstrução do SUS e o foco em cuidados intermediários têm tudo para dar certo. Basta ousar e aceitar todos os novos desafios que estão por vir.”  

Veja o debate no canal de Youtube da Abrasco ou do Cebes.

Foto: SMS/Rio

 

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